segunda-feira, 4 de junho de 2007

Diário de uma ida à bola



18h As tropas Jupiler começam a reunir-se numa esplanada do centro. 4 elementos.

18h30 Aproximação indesejada de uma claque Tuga, numerosa e peixeirosa como se quer. Tentam juntar-se à claque Jupiler pacífica da esplanada que só queria mesmo era beber cerveja sugadita. Claque pacífica desencoraja-os pouco subtilmente, mas sempre com muita classe. Claque peixeirosa não gosta e diz que somos protótipo do portuguesinho pouco simpático. Diz que sim. Seguem-se palavras pouco simpáticas e seguem caminho.

18h45 Passa um sem abrigo mais para lá do que para cá, bêbado, podre, sujo, coitado. Mete conversa com pessoal da esplanada. Empregado árabe não gosta, enxota-o. Sem abrigo coitado não gosta, insulta-o. Empregado gosta ainda menos, enxota-o ainda mais. Sem abrigo não gosta menos nada e solta o esperado "Fils de pute!". O resultado é o esperado, o Zidane já nos mostrou como o pessoal das arábias não grama esta expressão carinhosa aplicada às suas progenitoras. Empregado voa sobre a esplanada e vá de carregar no sem abrigo. Cena triste, parece uma tourada mas em vez do touro era um chiwuawa (não sei como se escreve, mas prometo que vou informar-me). Adiante: chiwuawa ao chão, Zidane vira costas e entra no café. Chiwawa, que afinal é um dog alemão levanta-se, pega numa cadeira e atira-a para o meio da esplanada. Medo. Um elemento da claque Jupiler atingido na cara por um pé da cadeira. Crianças em pânico dão o seu melhor num valente berreiro. Sangue escorre pelo chão. Ou não, era so uma garrafa de vinho tinto partida, mas garanto que parecia sangue. Respirar fundo.

19h Mais 5 elementos e claque Jupiler ruma ao estádio. Metro lata de sardinha, bófia com cães por todo o lado. Troca de insultos entre claques Tugas e cidadãos belgas. Ambiente pesadote. Será que é mesmo um jogo de futebol? E onde estão as claques belgas? Começo a desconfiar que afinal era um plano para juntar a comunidade tuga-bruxelense no metro e largar umas doses de gás pimenta lá para dentro depois de trancarem as portas. Imagem difícil de afastar da cabeça.

19h30 Chegada ao estádio. Cheira a frites. Afinal há belgas, volta a calma.

20h45 Da bancada tuga avistam-se nas restantas bancadas vários cidadãos não tugas, que desconfio terem sido conduzidos ao estádio por engano. Não há bandeiras, não há roupas ridículas nem cachecois e passam 90 minutos sentados. Nos 15 do intervalo vão comer frites. Gente estranha, penso eu.

21h12 GOOOOOOOOLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLOOOOOOOOOOOOOOOOOOO

21h35 Ah e tal. Cabroes.

21h43 GOOOOOOOOOOOOOOOOOOLLLLLLLLLLLLLLLOOOOOOOOOOO

22h30 E esta merda é toda nossa olé olé olé!!!!!!!!!!!!!

4 comentários:

Unknown disse...

É bom saber que estamos bem representados!! Ainda bem que existe o futebol, de outra forma esqueciam-se que existimos...

macaca grava-por-cima disse...

E esta merda é toda nossa olé olé!!!
Mas que bela tarde de sábado!

Anónimo disse...

LOL!!!

EMOÇÃO, hein!?!?!? Chiça!!!

Adorei!!!! Olé, olé!

Ontem lembrei-me de ti, Macaca. Usei aquela parte de cima de um bikini que doaste às Mosqueduda e Mosquemyself, já não me lembro bem porquê! :)

DR disse...

granbe relato, a trivalizar com a emissão on-line de um diário desportivo. mais completo até, com o indispensável "elemento humano" e a "cor".

falta apenas dizer que, em dois ou três momentos do percurso, ainda nos passa pela cabeça aquela ideia "mas porque é que os portuguesinhos não podem ser um bocadito assim, calminhos, como estes civilizados belgas-répteis-de-sangue-frio?".

mas não, o "esta merda é toda nossa" é um princípio religioso para seguir à risca, principalmente quando as tropas lusitanas estão em maioria.

e depois apetece ficar sugadito a assobiar para o lado à espera que eles se evaporem ou até que alguém nos distraia com umas belas cadeiradas.