quarta-feira, 21 de agosto de 2013

MAC

Este é um assunto que me é particularmente querido. O M. nasceu na MAC, por minha (nossa) opção, porque a obstetra que acompanhou a minha gravidez é chefe de equipa naquela maternidade e fazia todo o sentido que o parto fosse lá. Porque apesar de ter um seguro de saúde que me permitiria optar por um privado, essa hipótese não fazia qualquer sentido para mim, por não reunir todas as garantias que na altura me pareceram fundamentais, quer para o meu bem-estar, quer para o do meu filho. Foi uma opção devidamente informada, da qual não me arrendo e posso mesmo acrescentar que gostaria muito de vir a ter um segundo filho na MAC.
Dos 4 dias de internamento na MAC, só tenho a queixar-me do sr. prof. obstetra responsável pela minha alta, um arrogante de primeira que tratava os internos e as parturientes abaixo de cão (hoje responder-lhe-ia à letra, mas na altura uma pessoa está meio abananada e nem tem reacção) e, obviamente, das questões de hotelaria (nomeadamente a falta de condições e de limpeza das casas de banho que tem muito por onde melhorar!). Mas profissionais medíocres há-os (infelizmente) em todo o lado... Quanto às condições, estava bem ciente das mesmas, uma vez que visitei a maternidade cerca de dois meses antes do parto.
Posto isto, tenho que admitir: gosto da MAC, tenho um carinho enorme por esta instituição. Emocionalmente, sou completamente contra o seu encerramento. Racionalmente, até poderia vir a aceitá-lo, se em causa estivessem questões técnico-científicas e não apenas razões economicistas. Mais do que o fecho do edifício (que é lindo, tem uma localização privilegiada e felizmente não poderá nunca ser vendido ou utilizado para outras funções que não ligadas à Saúde), revolta-me a falta de respeito com que os decisores têm tratado os (excelentes!) profissionais que integram as equipas da MAC, avisando-os dos seus planos de reintegração noutras unidades apenas em vésperas do potencial encerramento, ignorando anos de bons resultados e ganhos em saúde, desmembrando equipas, vencendo-os por exaustão (desde o início desta batalha judicial pelo encerramento da MAC, são inúmeros os profissionais que já abandonaram a instituição).
Não sei qual será o desfecho desta história... Espero sinceramente que seja o mais favorável para todos nós, utentes, para os profissionais e para os próprios serviços públicos de saúde, que se querem de qualidade (seja no actual edifício da MAC, seja noutro qualquer). Mas, parece-me que ainda muita água (suja) vai correr debaixo desta ponte... É que à perseguição do Governo, veio recentemente juntar-se aquilo que me parece ser um ataque concertado por parte da comunicação social... Têm-se sucedido as notícias sobre mortes de bebés e mães na MAC (ver manchete de hoje do Correio da Manhã). Porquê agora? Sempre houve mortes e problemas em partos, tanto na MAC, como em qualquer outra maternidade... Tudo isto me cheira demasiado a esturro... E assusta-me a leviandade com que questões tão cruciais são tratadas nos bastidores e abordadas na praça pública. Querem queimar a MAC a todo o custo, e isso é triste, porque queimam também anos de boas práticas profissionais e de ganhos em saúde inequívocos...

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