quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

a maternidade e os medos

Ainda aqui não abordei a questão dos medos que nascem com o facto de nos tornarmos mães. É um facto que a maternidade opera em nós mudanças inevitáveis e só agora consigo entender as preocupações da minha mãe quando íamos para o Alentejo profundo, aquele Alentejo onde a rede de transportes é uma anedota de mau gosto e a distância do hospital mais próximo é directamente proporcional ao nosso receio face ao "E se acontece alguma coisa?"...
Nos últimos três anos, não vivi propriamente tolhida de medo, diga-se... Ao contrário da maior parte das mães, por exemplo, passei o dia em que o meu filho foi à sua primeira visita de estudo completamente tranquila e nem pensei propriamente no assunto na altura de assinar a autorização. Também nunca me senti tentada a telefonar de cinco em cinco minutos das primeiras vezes que ele ficou sem mim. Enfrentei com absoluta confiança e tranquilidade as primeiras idas para fora e as primeiras noites que dormi fora de casa e ele ficou com o pai. 
O caso muda de figura quando na equação entram deslocações por via aérea. Atenção que não tenho, nem nunca tive medo de andar de avião. Aliás, acho que até gosto, na medida em que me permite fazer uma das coisas que mais prazer me dá na vida. Porém, depois de ser mãe, a primeira viagem de avião sozinha foi um tormento. Vá lá que foi curta, porque podia jurar que dentro do avião praticamente não respirei. Mas a verdade é que sobrevivi e os medos e saudades foram atenuadas pelo facto de saber que o M. estava com o pai e a acontecer-me algo, o pai estaria lá sempre.
O caso muda de figura quando se confirma, para o final do mês, uma viagem de quatro dias, a dois, que implica 18 horas de avião (9 para lá e 9 para cá). Os alertas já dispararam todos e a minha cabeça é um projector de filmes de terror 24/7. Sei que o M. vai ficar bem, mas "E se nos acontece alguma coisa?"...

6 comentários:

Rita disse...

vais a Maputo macaca?! eu quando fui a Londres achei que deveria ter tomado uns xanax vários... estava electrica e demasiado excitada para lá, e angustiada e demasiado rabugenta para cá. foi um horror de hormonas e de sentimentos. mas enquanto lá estive foi óptimo ;) diverte-te!

macaca grava-por-cima disse...

nop, ainda não infelizmente... vou a trabalho (com a companhia do maridão) à cidade que fica metade na Europa, metade na Ásia, mas com escalas os voos prolongam-se, e a ansiedade também!!! Mas é claro que me vou divertir!

Joana disse...

Também pensei logo em Maputo... mas 4 dias parecia-me pouco para o investimento.

Istambul?

André disse...

Istambul!! Muito bom...tb quero! eh eh

Podes pensar que é mais perigoso o carro do que o avião. Podes pensar que o destino faz o seu trabalho. Podes pensar que sempre queres e quererás o melhor do M.

Ou podes não pensar...relaxar e alimentar as saudades do M....

macaca grava-por-cima disse...

gostei da última hipótese! não pensar... não me tenho dado mal com essa estratégia LOLOLOL

macaca grava-por-cima disse...
Este comentário foi removido pelo autor.